quinta-feira, 31 de maio de 2012

A GRAMÁTICA E O ESCRITOR

"Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda." ( Luiz Fernando Veríssimo- "O GIGOLÔ DAS PALAVRAS").
          
              Os escritores novatos tem mesmo uma preocupação em dominar a gramática. Ficam tão desesperados com a  estrutura da língua que  são vencidos por ela. Principalmente na hora da criação. Queremos dominar a gramática e somos dominados. Afinal somos gramáticos ou escritores. Sim podemos estudar, para ficarmos sábios diante dela, mas Veríssimo tem razão. Vou contar o que acontecia comigo. Tinha essa preocupação. Uma neurose na verdade.  Eu achava que para  ser uma boa escritora tinha que dominar  toda estrutura da língua. Que ingenuidade. O tempo passa e ninguém sabe tudo. Desperdiçamos tempo e imaginação. Aos poucos vamos é apanhando mesmo  da gramática, do novo acordo, das novas tendências. A gramática deve  estar sempre a nossa disposição. Acho que aprendemos isso na escola. Eram tantas as correções que  o nosso texto voltava todo riscado e cheio de comentários por causa da tal da gramática. Não estou dizendo para que a desprezemos por completo. Mas não vamos cortar a nossa imaginação por ela. É preciso equilíbrio. É claro que o conhecimento é importante já que por vezes somos nós mesmos o revisor. E as editoras gostam de textos menos complicados,  quase sem erros. Escreva primeiro e corrija depois fica a dica.

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