domingo, 3 de junho de 2012

Paródia

Olá, vocês sabem o que é uma paródia? A paródia é uma nova interpretação de um texto já existente adaptando a obra original  a um novo contexto frequentemente através do humor. Vamos aprender através do seguinte exemplo que darei.

Canção do exílio

Minha Terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho à noite
Mais prazer encontro eu lá
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá,
Em cismar-sozinho, à noite,
Mas prazer encontro eu lá,
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para cá,
Sem qu'inda avista as palmeiras,
Onde canta o sabiá.
                                               (Gonçalves Dias - 1843)


Exemplo de Paródia

Minha amada tem palmeiras


Onde cantam os passarinhos
E as aves que ali grjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós a noite
Nem me dou conta de mim.
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
MInha amada tem palmeiras
tem regatos tem  cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata
Não permita Deus que eu viva
Perdido noutros caminhos
 sem gozar das alegrias
que existem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos.

                                      "Nova canção do exílio", outro poema inédito para Cláudia feito por Gullar,
                                      feito  por Gullar em 1997.


Minha Paródia, baseada nos dois textos acima:

Onde estão as Palmeiras?

Onde estão as palmeiras?
Onde havia um sabiá?
E tem uma declaração de amor,
Escrito por Gullar.

Hoje são apenas letrinhas,
Com requintado gosto de mel,
E no lugar das palmeirinhas
Vejo um gigante arranha-céu.

Onde cantam os passarinhos,
De mil novecentos e quarenta e três,
Onde Cláudia pôs os ninhos,
que com o tempo se desfez?

Não permita Deus que eu faça,
Pouco caso desta paródia,
Pois um sabiá de raça,
Não está sujeito à discórdia.
                                                         Cris Macena julho de 2005.

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